O Complexo do Ombro
O Complexo do Ombro
A região do ombro é um complexo de 20 músculos, 3 articulações ósseas ,e 3 superfícies móveis de tecidos moles (articulações funcionais) que permite a maior mobilidade entre todas as regiões encontradas no corpo (aproximadamente 180º de flexão, abdução e rotação e 60º de hipertensão). O complexo do ombro não apenas proporciona uma ampla variação para colocação da mão, mas também executa as importantes funções de estabilização para uso da mão, levantar e empurrar, elevação do corpo, inspiração e expiração forcadas, e até mesmo sustentação de peso como ao andar de muletas ou “plantar bananeira”. A extensa mobilidade é provida pelas seis áreas que se movem:
1-Articulações ósseas
- Esternoclavicular
- Acromioclavicular
- Glenoumeral
2-Articulações funcionais
- Escapulotorácica
- Supra-umeral (ou subacromial)
- Sulco bicipital
A mobilidade, no entanto é às custas da estabilidade estrutural. A única fixação da extremidade no tronco é na articulação esternoclavicular, e a cabeça do úmero pende frouxamente sobre o plano inclinado da fossa glenóide. Assim, o suporte e estabilização do ombro dependem principalmente de músculos e ligamentos.
Amplitudes de Movimentação Articular
Flexão 0º a 180º (150º a 180º)
Extensão 0º
Hiperextensão 0º a 45º (40º a 60º)
Abdução 0º a 180º (150ºa 180º)
Rotação interna 0º a 90º (70º a 90º)
Rotação externa 0º a 90º (80º a 90º)
Ossos
As partes ósseas que participam em movimentos da extremidade superior em relação ao tronco são:
Esterno (grego esternon, peito).
Costelas (latim costa, costela).
Clavícula (latim clavícula, diminutivo de clavus, chave).
Escapula (latim scapula, espádua).
Úmero (latim umerus, ombro).
Palpação
Esterno
O esterno pode ser palpado anteriormente no tórax desde o processo xifóide na sua extremidade inferior ate o manúbrio esternal na sua extremidade superior.
Clavícula
A porção esternal da clavícula e proeminente onde ela se articula com o manúbrio esternal (articulação esternoclavicular). A partir desde ponto, a clavícula pode ser acompanhada lateralmente até a sua extremidade acromial. A forma curva deste osso deve ser observada - ele é convexo para frente medialmente e côncavo para frente lateralmente. A extremidade acromial, como a extremidade esternal, é aumentada e pode ser palpada sob a forma de uma protuberância.
Os animais que ficam em pé e correm, como os cavalos e os cães, não possuem clavículas, e as suas escápulas ficam sobre as superfícies laterais do tórax. Os humanos possuem uma clavícula forte, bem desenvolvida, que atua como uma viga lateral para a escápula e o úmero. Isto aumenta a mobilidade glenoumeral para permitir atividades de alcançar e escalar.
Escápula
Na ponta do ombro, é palpado o largo processo do acrômio, que se estende como uma prateleira sobre a articulação do ombro. Anteriormente, seu bordo livre pode ser sentido, a sua junção com a clavícula (articulação acromioclavicular) fica um pouco protegida, sendo coberta pelo ligamento acromioclavicular; daí a dificuldade para palpa-la com exatidão. Na maioria dos indivíduos, duas saliências ósseas podem ser sentidas nesta região, uma no acrômio, a outra na clavícula. A articulação acromioclavicular é encontrada na área entre estas duas proeminências.
Acompanhando o processo do acrômio posteriormente, a espinha da escapula é palpada; ele é continua com o processo do acrômio. A espinha da escapula pode ser seguida transversalmente cruzando a escápula até o bordo medial (vertebral) da escápula onde ela se achata para formar uma área de forma triangular. A fossa supra-espinhosa da escápula, acima da espinha, e a fossa infra-espinhosa, abaixo da espinha, devem ser identificadas; como ambas estão preenchidas por músculos, as suas profundidades não podem ser apreciadas. Isto se aplica particularmente à fossa supra-espinhosa, que não é acessível à palpação nas suas partes mais profundas. O bordo medial (vertebral) da escápula e o seu bordo lateral (axilar) são facilmente palpáveis se os músculos escapulares estiverem relaxados. O ângulo inferior da escápula é a parte mais inferior da escápula, onde se juntam os bordos medial e lateral. O ângulo superior da escápula é bem coberto por músculos e por essa razão mais difícil de palpar. Anteriormente, abaixo da clavícula, onde começa o arredondamento do ombro, o processo coracóide é palpado.
A cavidade glenóide da escápula, que recebe a cabeça do úmero, não pode ser palpada. Isto também se aplica ao tubérculo supraglenóideo, que serve como fixação proximal para a cabeça longa do bíceps, e para o tubérculo infraglenóideo, onde se fixa a cabeça longa do tríceps.
Úmero
Se o úmero for rotado internamente enquanto o braço está ao lado do corpo, o tubérculo maior do úmero pode ser palpado imediatamente distal ao processo do acrômio. Uma vez este tubérculo tenha sido identificado, os dedos palpando podem acompanhar sua posição mudando à medida que o ombro é rotado externamente. Em rotação externa completa, este tubérculo não é mais palpável porque ele desaparece embaixo da porção grossa do músculo deltóide. O tubérculo maior possui três facetas, servindo como pontos de fixação para músculos, mas estas facetas não podem ser distinguidas com facilidade pela palpação. O tubérculo menor é melhor palpado quando o ombro esta rotado externamente e pode ser acompanhado durante a rotação interna. A porção proximal do úmero também pode ser abordada pela axila, mas a palpação deve ser feita cuidadosamente por causa dos muitos nervos e vasos nesta área. O nome colo anatômico e aplicado a uma área estreita distal à superfície articular da cabeça umeral. As fraturas nesta região tendem a ocorrer no colo cirúrgico, abaixo dos tubérculos.
Na porção proximal da diáfise do úmero, a crista do tubérculo maior e a crista do tubérculo menor devem ser observadas. Entre as duas cristas fica o sulco tubérculo menor intertubercular (bicipital). Estas estruturas devem ser estudadas em um esqueleto, porque elas são difíceis de palpar através dos músculos. Observar a posição do sulco intertubercular mudando durante a rotação umeral; em rotação externa completa, o sulco fica em linha com o processo do acrômio.
Articulações
Os ossos do complexo do ombro são unidos em três articulações: a clavícula articula-se com o manúbrio esternal na articulação esternoclavicular; a clavícula e a escápula juntam-se na articulação acromioclavicular; e o úmero articula-se com a escápula na articulação glenoumeral. Durante os movimentos da extremidade superior, a escápula também desliza livremente sobre o tórax (“articulação” escapulotorácica). Nos movimentos de flexão e abdução, a cabeça do úmero desliza embaixo do acrômio (“articulação” supra-umeral), e o tendão da cabeça longa do bíceps do braço desliza no sulco bicipital. Dor ou limitação de movimentos em qualquer destas articulações verdadeiras ou funcionais conduzira a disfunção do ombro.
Articulação glenoumeral
Embora a articulação glenoumeral seja chamada de bola e soquete, esferóide ou universal e possua três graus de liberdade, a articulação tem pouca estabilidade óssea. A cabeça do úmero de forma hemisférica repousa sobre o pequeno, raso, plano inclinado da cavidade glenóide. Rodeando o bordo da glenóide existe um labro ou lábio cartilaginoso. A cápsula articular frouxa e fina cobre a articulação desde o colo da glenóide até o colo anatômico do úmero. Esta cápsula possui uma área de superfície que é o dobro daquela da cabeça umeral, e, no indivíduo normal, permite a injeção de 10 à 15mL de liquido.
O reforço Capsular
Ligamentos e tendões proporcionam reforço capsular. O ligamento coracoumeral cruza desde o processo coracóide da escápula até as tuberosidades maior e menor do úmero, onde ele forma um túnel para o tendão da cabeça longa do bíceps do braço. Os ligamentos glenoumerais superior, médio e inferior (chamados de capsulares) originam-se da glenóide no seu labro, formam espessamentos capsulares e fixam-se no colo e tuberosidade menor do úmero. Os ligamentos coracoumeral e glenoumeral superior e médio suportam o braço pendente e limitam a rotação externa nas mais baixas amplitudes de abdução. O ligamento glenoumeral inferior forma uma funda semelhante a uma rede de dormir com faixas anterior e posterior em torno da cabeça do úmero. O’Brien e associados (1990) consideram este ligamento o principal estabilizador do ombro abduzido. Nesta posição, diferentes partes do ligamento apertam para limitar a rotação interna e externa.
Os músculos profundos do ombro fornecem reforço íntimo da cápsula articular pelos seus tendões de fixação. Anteriormente, o tendão da cabeça longa do bíceps do braço origina-se da tuberosidade supraglenóidea e labro da glenóide. O tendão arqueia-se por cima da cabeça do úmero por baixo da cápsula articular para sair e descer no sulco intertubercular do úmero. Enquanto o tendão bicipital está dentro da cápsula articular, o tendão é coberto por uma reflexão da membrana sinovial; portanto, o tendão não está exposto ao líquido sinovial da cavidade articular. A contração forte do músculo bíceps do braço, como quando o cotovelo é flexionado e um peso é sustentado na mão, produz força de depressão sobre a cabeça do úmero (Neer, 1990). As forças que causam esse feito são semelhantes em ação às forças que restringem a tração em uma corda quando se dá uma volta na corda em torno de um poste ou árvore. Essa depressão da cabeça do úmero impede a elevação da cabeça, o que poderia de outro modo causar lesões de colisão nos tecidos supra-umeral forçados entre a cabeça umeral e as estruturas acromiais rígidas.
Posteriormente, a cabeça longa do tríceps do braço possui uma fixação proximal larga no tubérculo infraglenóideo da escápula. Este tendão funde-se e torna-se parte da cápsula posterior
O Manguito Rotador
Os tendões de quatro músculos escapuloumerais curtos que produzem rotação interna e externa da articulação glenoumeral fundem-se com a cápsula e formam as suas fixações distais nas tuberosidades do úmero. Anteriormente, o subescapular fixa-se por um tendão largo no tubérculo menor do úmero. Este tendão cobre a cabeça do úmero abaixo de 90º de abdução e é considerado por Jobe (1990) como sendo um estabilizador passivo para impedir subluxação anterior do úmero. A parte inferior da cápsula e o subescapular são as principais estruturas que limitam a rotação externa (Ovesen e Nielsen, 1985). Superiormente, o músculo supraespinhoso se fixa no tubérculo maior do úmero, e posteriormente o infraespinhoso e o redondo menor fundem-se com a cápsula para fixar-se mais abaixo na tuberosidade maior. Ovesen e Nielsen (1985) constataram que estes tendões são as principais estruturas que limitam a rotação interna na primeira metade da abdução, as estruturas do manguito rotador podem ser lesadas ao baterem contra os processos do acrômio ou coracóide ou contra o forte ligamento conector coracoacromial. Esta lesão ocorre com atividades que exigem a elevação do braço, como no trabalho acima da cabeça ou atividades esportivas que exigem arremesso.
Subescapular
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Rotação medial do braço Estabilizador da articulação do ombro |
2/3 mediais da fossa subescapular |
Tubérculo menor do úmero Crista do tubérculo menor do úmero Cápsula articular do ombro |
Nervo subescapular |
Redondo menor
Esquema |
Ação |
Origem |
Inserção |
Inervação |
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Rotação lateral do braço Ajuda a manter a cabeça do úmero em posição durante a abdução |
Terço médio da borda lateral da escápula, acima do redondo maior. |
Faceta inferior do tubérculo maior do úmero (abaixo do infra-espinhal) Cápsula articular do ombro |
Nervo axilar (C5 e C6) |
Infra-espinhal
Esquema |
Ação |
Origem |
Inserção |
Inervação |
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Rotação lateral do braço Estabilizar a articulação do ombro |
2/3 mediais da fossa infra-espinhal Superfície inferior da espinha da escápula |
Faceta média do tubérculo maior do úmero Cápsula articular do ombro |
Nervo supra-escapular (C5 e C6) |
Supra-espinhal
Esquema |
Ação |
Origem |
Inserção |
Inervação |
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Abdução do braço Estabilizar a juntura do ombro |
Fossa supra-espinhal (¾ mediais) Superfície superior da espinha |
Faceta proximal do tubérculo maior do úmero Cápsula do ombro |
Nervo supra-escapular |
Eixos de Movimentação e Movimentos Permitidos
As amplitudes de movimento seguintes podem ser atribuídas à articulação glenoumeral somente quando a escápula é estabilizada para impedir movimento nas articulações esternoclavicular, acromioclavicular ou escapulotorácica. A flexão tem lugar no plano sagital em torno de um eixo transversal através da cabeça do úmero. Aproximadamente 90º de flexão são permitidos. Os ligamentos glenoumerais inferiores ficam esticados e limitam movimento adicional (Morrey e Na, 1990). A extensão é o inverso da flexão. Quando o braço passa para trás do corpo, o movimento é chamado hiperextensão. A amplitude de hiperextensão é 40º a 60º e é limitada pelos ligamentos glenoumerais superior e médio. A abdução ocorre no plano frontal em torno de um eixo horizontal dirigido dorsoventralmente. A quantidade de abdução que é permitida depende da rotação na articulação glenoumeral. Quando a articulação está em rotação interna completa, a abdução ativa é limitada a aproximadamente 60º, porque o tubérculo maior colide com o processo do acrômio e o ligamento acromioclavicular. Com 90º de rotação externa, o tubérculo maior vai para trás e embaixo do acrômio e a abdução ativa aumenta para aproximadamente 90º, quando então é limitada pela insuficiência ativa do músculo deltóide. A abdução pode ser continuada passivamente até 120º, quando então ela é limitada pelo ligamento glenoumeral inferior. Em abdução completa do ombro, Murray (1985) mediu uma media de 124º de movimentação glenoumeral.
A rotação tem lugar no plano horizontal em torno de um eixo longitudinal através da cabeça e diáfise do úmero. A rotação na articulação glenoumeral é isolada da supinação e pronação do antebraço pela flexão do cotovelo a 90º. Se o braço estiver ao lado do corpo, a rotação externa (lateral) faz o epicôndilo medial do úmero mover-se anteriormente, e a rotação interna (medial) faz o côndilo mover-se posteriormente. A quantidade de rotação muda com a elevação do braço. Aproximadamente 180º de rotação total estão presentes quando o braço está ao lado (Bechtol, 1980), e são reduzidos para cerca de 90º em virtude da torção e retesamento dos ligamentos coracoumerais e glenoumerais quando o braço está completamente elevado. Quando a articulação glenoumeral é colocada na posição goniométrica padrão de 90º de abdução do ombro e 90º de flexão do cotovelo (Norkin e White, 1995), a amplitude normal de movimentos para rotação externa é aproximadamente 90º e para rotação interna aproximadamente 70º. Brown e associados (1988) encontraram 141º de rotação externa em arremessadores de beisebol da liga principal, e Chang, Buschbacher e Edlich (1988) observaram 78º em levantadores de peso.
Dois outros termos são freqüentemente usados para descrever a movimentação da articulação glenoumeral. Eles são abdução horizontal e adução horizontal. Estes movimentos ocorrem a partir de uma posição inicial de 90° de abdução. A abdução horizontal é um movimento posterior a partir desta posição, e a adução horizontal é um movimento anterior cruzando o corpo.
Todas as limitações normais da movimentação na articulação glenoumeral são devidas ao esticamento ligamentar e muscular passivo. Assim, as sensações finais são todas firmes. Mesmo quando a tuberosidade maior do úmero colide com o processo do acrômio, a sensação final é firme por causa dos tecidos moles intervenientes.
Movimentos Fisiológicos do Úmero |
Direção do Deslizamento da Cabeça do Úmero |
Flexão |
Posterior |
Extensão |
Anterior |
Abdução |
Inferior |
Adução |
Superior |
Rotação interna |
Posterior |
Rotação externa |
Anterior |
Abdução horizontal |
Anterior |
Adução horizontal |
Posterior |
Articulação Esternoclavicular
A articulação esternoclavicular é a única articulação que conecta a extremidade superior diretamente com tórax. A cintura escapular, juntamente com toda a extremidade superior, é suspensa do crânio e da coluna cervical por músculos, ligamentos e fáscia. A posição desta estrutura pendente é determinada parcialmente pela ação da gravidade e parcialmente pela clavícula, que restringe os movimentos da cintura escapular em todas as direções, particularmente em uma direção para frente. Casos de ausência da clavícula foram relatados na literatura medica-estes indivíduos eram capazes de mover os sues ombros tão à frente que as pontas dos ombros quase se encontravam diante do corpo. Com a remoção cirúrgica completa da clavícula, Lewis e associados (1985) observaram amplitudes de movimento do ombro iguais às do lado não afetado. Os torques isocinéticos máximos para extensão do ombro, bem como para rotação interna e externa, também eram os mesmos. Os flexores, abdutores e adutores do ombro no lado afetado, no entanto, tinham uma perda de 50% do torque isocinético.
Tipo de Articulação
A articulação esternoclavicular é uma articulação selar com três graus de liberdade. A extremidade esternal aumentada da clavícula e a chanfradura articular do esterno são separadas por um disco articular. Os movimentos assim têm lugar tanto entre a clavícula e o disco quanto entre o disco e o esterno.O disco serve como uma dobradiça para o movimento e para amortecimento de choques das forcas aplicadas através do braço. Embora as articulações ósseas pareçam pequenas, as fixações ligamentares são fortes, e a clavícula usualmente fratura antes que a articulação luxe. As clavículas são conectadas uma à outra pelos ligamentos interclaviculares, ao esterno pelos ligamentos esternoclaviculares anteriores e posteriores, e às primeiras costelas pelos ligamentos costoclaviculares. Estes ligamentos suportam o peso das extremidades superiores, limitam os movimentos claviculares e previnem a luxação da articulação. A cápsula articular e os ligamentos são ainda mais reforçados pelas fixações tendinosas proximais dos músculos esternocleiodomastóideos.
Articulação Acromioclavicular
A articulação acromioclavicular é uma articulação artrodial simples envolvendo a margem medial do acrômio e a extremidade acromial da clavícula. Esta articulação liga a escápula e a clavícula em movimentos semelhantes e ao mesmo tempo acomoda movimentos individuais dos ossos. A articulação possui três eixos e três graus de liberdade, e os movimentos são refletidos nos movimentos escapulares de elevação, abdução e rotação. Durante a elevação completa do braço, a articulação acromioclavicular contribui com 20º de rotação para cima, no entanto mediram um máximo de 8º de movimentos acromioclavicular e afirmaram que nenhuma perda de rotação escapular foi evidente com a fixação da articulação acromioclavicular. Pequenos movimentos anteriores e posteriores do acrômio (abdução e adução escapulares) mantêm a fossa glenóide alinhada com cabeça umeral durante os movimentos de flexão ou abdução do ombro. Estes movimentos são permitidos e limitados por dois fortes pares de ligamentos: o ligamento anterior e posterior da articulação e os ligamentos coracoclaviculares localizados mais proximalmente, o conóide e o trapezóide (limita movimento superior excessivo da clavícula e limita rotação da escápula). Ligamento acromioclavicular – quadrilátero estende-se entre as faces superior da extremidade acromial da clavícula e o acrômio adjacente.
O efeito combinado dos movimentos acromioclaviculares e esternoclaviculares é permitir o movimento escapular de tal modo que a fossa glenóide possa olhar para frente, para cima ou para baixo, conforme a necessidade, enquanto a superfície costal permanece junto do tórax. A soma das amplitudes de movimento nas articulações esternoclavicular e acromioclavicular é igual à amplitude de movimento da escápula.
Articulação Escapulotorácica
O músculo denteado anterior fixa-se no bordo medial da escápula e passa embaixo da escápula para fixar-se no bordo ântero-lateral das nove primeiras costelas. Uma grande quantidade de movimentos ocorre entre a fáscia do músculo e a fáscia do tórax. Como não existem articulações ósseas, as superfícies que se movem são chamadas articulações falsas ou funcionais. Função normal da articulação escapulotorácica é essencial para a mobilidade e estabilidade da extremidade superior. A movimentação da articulação escapulotorácica fornece uma base móvel para o úmero e desse modo aumenta a amplitude de movimento do braço, mantém relações favoráveis de comprimento-tensão para o músculo deltóide funcionar acima de 90º de elevação do braço, fornece estabilidade glenoumeral para trabalho na posição acima da cabeça ou para a posição vertical apoiada sobre as mãos (“plantando bananeira”), fornece função de amortecedor para forcas aplicadas no braço esticado, e permite a elevação do corpo na marcha com muletas ou elevações sentadas para transferências por pessoas com paraplegia.
Ligamentos da escápula
Ligamento córaco-acromial – entre o processo coracóide e o acrômio, insere-se no acrômio e em toda borda lateral do processo coracóide.
Ligamento transverso superior da escápula – transforma a incisura da escápula em um forame. Inserido na base do processo coracóide e no lado medial da incisura da escápula.
Definições dos Movimentos da Cintura Escapular
Termos especiais usados para descrever os movimentos da escapula (articulação escapulotorácica) e também da clavícula (articulação esternoclavicular).
Elevação - A extremidade distal da clavícula e o processo do acrômio da escápula (articulação acromioclavicular) movem-se superiormente (no sentido da orelha) aproximadamente 60º (Kapandji, 1982).
Depressão - Movimento da área acromioclavicular inferiormente. A partir de uma posição de repouso, apenas 5 a 10º de depressão podem ser alcançadas. A importância do movimento, no entanto, está na estabilização da escápula e elevação do corpo como na marcha com muletas ou em transferências de cadeira de rodas de pacientes com paraplegia. A partir de uma elevação máxima, o movimento de depressão do ombro é capaz de elevar o tronco 10 a 15 cm.
Protração - A extremidade distal da clavícula e a escápula movem-se anteriormente em torno da caixa torácica, com os bordos mediais da escápula movendo-se para longe de linha mediana 13 a 15 cm. Este movimento também é designado abdução da escápula.
Retração - A extremidade distal da clavícula e a escápula movem-se posteriormente, e os bordos medias da escápula aproximam-se da linha mediana. Este movimento também é chamado adução da escápula. Na articulação esternoclavicular, a amplitude total para protração e retração é aproximadamente 25º (Kapandji, 1982).
Rotação para cima - É um movimento de escápula no qual a fossa glenóide olha superiormente e o ângulo inferior da escápula desliza lateral e anteriormente sobre o tórax. Amplitude máxima de rotação para cima é vista com flexão completa do ombro.
Rotação para baixo - É um movimento da fossa glenóide para olhar inferiormente. Amplitude completa de rotação para baixo ocorre quando a mão é colocada na região lombar. A amplitude total de rotação para cima e para baixo é aproximadamente 60º.
Articulação Supra-umeral ou Subacromial
Os movimentos da articulação glenoumeral exigem grandes movimentos entre a cabeça do úmero e o arco formado pelo colo da escápula, o processo do acrômio, o ligamento coracoacromial rígida e o processo coracóide. Esta área foi também denominado desfiladeiro do supra-espinhoso por Neer e Poppen (1987). A importância clinica desta área é a propensão à compressão e lesão dos tecidos moles que residem entre as estruturas rígidas: os tendões do manguito rotador (especialmente o supra-espinhoso), o tendão da cabeça longa do bíceps do braço, a cápsula, os ligamentos capsulares e as bolsas subdeltóidea e subacromial. As lesões de colisão do ombro ocorrem porque a linha de tração do músculo deltóide para elevação do braço é diretamente superior e faz com que o úmero se mova verticalmente e colida com o acrômio. Normalmente, este movimento vertical é impedido pela depressão da cabeça do úmero pelos tendões do supra-espinhoso e a cabeça longa do bíceps do braço.Infelizmente, não há espaço para erro no desfiladeiro do supra-espinhoso, e as lesões de colisão ocorrem com fraqueza muscular, fadiga ou forcas incontroláveis. Microtraumatismos e lesões por esforços repetitivos são comuns, por exemplo, causando 50 a 60% de todos os problemas em nadadores competitivos (Reid, Saboe e Burham, 1987). As pessoas com poliomielite e paraplegia que estiveram andando de muletas, impelindo cadeira de rodas manual ou efetuando elevações sentadas para transferir o corpo têm uma incidência extraordinariamente alta de dor no ombro e rupturas de manguito rotador (Bayley, Cochran, e Sledge, 1987; Smith, 1990). Neer (1990) considera que a causa mais freqüente de lesões é estreitamento do desfiladeiro do supra-espinhoso, que pode ser congênito ou causado por inflamação, retração cicatricial ou desenvolvimento de esporões ósseos. O atrito (desgaste) das estruturas capsulares tem uma alta incidência em dissecções de cadáveres e foi documentado com o envelhecimento por Brewer (1979) e Ferrari (1990)
· Bursa subdeltoidiana e subacromial: separam o tendão do m. Supra-espinal e a cabeça do úmero do acrômio, processo coracóide, lig. Córaco-acromial e m. deltóide.
· ESTABILIDADE = Ligamento córaco-acromial + Tendões do “manguito rotador”.
Sulco Bicipital
O tendão da cabeça do bíceps do braço fixa-se no tubérculo supraglenóideo da escápula e arquei-se por cima da cabeça do úmero para descer no sulco intertubercular do úmero. O tendão é retido no sulco pelo ligamento coracoumeral e pelo ligamento umeral transverso, que cobre o sulco desde a tuberosidade menor à maior. Durante os movimentos do ombro, a cabeça do úmero desliza sobre a superfície inferior do tendão. Um ponto fixo no sulco move-se ao longo de 3,75 cm do tendão com a elevação completa do braço (Burkhead, 1990). Quando a articulação glenoumeral está em rotação externa completa, as fixações proximal e distal do tendão estão em linha, mas em todas as outras posições de rotação o tendão bicipital está dobrado em torno da parede medial do sulco (Perry, 1988). Assim, o tendão bicipital esta sujeito a desgaste e lesão com o tempo as lesões de colisão de encontro ao arco coracoacromial.
Ritmo Escapuloumeral
Normalmente, a elevação do ombro ocorre em uma série precisamente coordenada de movimentos sincronizados denominada ritmo escapuloumeral. O trabalho clássico por Inman e associados (1944) demonstrou que ambos os segmentos escapular e umeral participam através de toda a movimentação. A fase inicial de abdução foi individualmente variável, mas depois de 30º de abdução, ocorreu uma razão de 2:1- para cada 15º de movimento entre 30 e 170º de abdução, 10º ocorreram na articulação glenoumeral e 5º ocorreram na articulação escapulotorácica. Outras investigações observaram que os movimentos não são tão lineares quanto implica a razão de 2:1, e que há variação nos padrões.
O padrão mais comum, encontrado por Bagg e Forrest (1988), mostrou maior movimentação glenoumeral ao começo e termino da amplitude e mais movimentação escapular entre 80 e 140º de abdução. A razão media do movimento articular glenoumeral o escapulotorácica foi 1,25: 1, o que é o mesmo que obtido por Poppen e Walker (1976). Ambos estes pesquisadores usaram o plano da escápula para o movimento de abdução, enquanto Inman usou o plano frontal.
Os movimentos que ocorrem na articulação escapulotorácica na elevação do braço são elevação, abdução e rotação para cima, com o ângulo inferior da escápula movendo-se para o lado lateral do tórax e a fossa glenóide dirigida para cima. O eixo de rotação da escápula migra da raiz medial da raiz medial da espinha da escápula para a região da articulação acromioclavicular durante o movimento (Bagg, 1988). Este grande movimento do eixo causa alterações acentuadas nos braços de força do trapézio e denteado anterior.
ABDUÇÃO
1) 0 – 90° - Art. gleno-umeral. Participação do m. deltóide e m. supraespinal.
Eleva (EC) e roda clavícula (AC) também. Limitado pelo apoio do tubérculo maior na fossa glenóide (90° com rotação lateral, senão 60°).
2) 90-150° – Cintura escapular + gleno-umeral. Rotação lateral de escápula 60° + elevação na art. esternoclavicular e rotação na art. acromioclavicular. Participação do m. serrátil anterior e m. trapézio. Limitado pela resistência do m. grande dorsal e m. peitoral maior.
3) 150-180° – Escápulo-torácico + Coluna vertebral. Inclinação lateral ou hiperlordose lombar.
FLEXÃO
A escápula já começa abduzida
1) 0-60°– Art. gleno-umeral. Participação do m. deltóide anterior, m. coracobraquial, m. peitoral maior. Limitado pela tensão lig. Coracoumeral e resistência do m. redondo maior e menor e m. infra-espinal.
2) 60-120° – Cintura escapular. Rotação lateral de escápula 60° + elevação na art. esternoclavicular e rotação na art. acromioclavicular. Participação do m. serrátil anterior e m. trapézio.
Limitado pela resistência do m. grande dorsal e m. peitoral maior
3) 120-180° - Escápulo-torácico + Coluna vertebral. Inclinação lateral ou hiperlordose lombar.
Movimentos da Clavicula
· 3 graus de liberdade: movimentos na extremidade distal da clavícula (terminação lateral).
· elevação (45°) e depressão (15°) associados à elevação + rotação lateral da escápula ou depressão da escápula
· protração (15°) e retração (15°) associados à protração (abdução) ou retração (adução) da escápula
· rotação longitudinal posterior: a sua face inferior volta-se anteriormente (30-45°) associada à rotação da escápula
Ocorre quando o ombro foi abduzido ou fletido a 90°
Elevação do Braço
A amplitude normal de flexão ou abdução do ombro é convencionalmente relatada como 180º, mas quando cuidadosamente medida para eliminar movimentos do tronco, o ângulo médio é próximo 170º (Freedmam e Munro, 1966; Doody et al, 1970; Boone e Azen, 1979). Esta é uma medida de um ângulo entre o braço e o tronco. O movimento ocorre em ambas as articulações glenoumeral e escapulotorácica, com os movimentos escapulares acompanhados por movimentos nas articulações esternoclavicular e acromioclavicular. Noventa a 110º de movimento ocorrem na articulação glenoumeral, e adicionais 60 a 70º ocorrem nas articulações esternoclavicular e acromioclavicular. O resto do movimento necessário para alcançar 180º ocorre no tronco com flexão lateral parta abdução do ombro ou com extensão do tronco para flexão do ombro. A realização da amplitude glenoumeral exige rotação externa do ombro em abdução e rotação interna para flexão (Blakely e Palmer, 1984).
O tratamento clínico de problemas do ombro exige uma avaliação cuidadosa de todos os movimentos permitidos em cada uma das três sinoviais e as três superfícies que se movem, a fim de determinar se e quando ocorre limitação de movimentos ou dor.
Músculos
Escapulotorácica |
Glenoumeral |
ElevaçãoTrapézio superior Elevador da escápula Rombóides |
FlexãoPeitoral maior (cabeça clavicular) Deltóide anterior Coracobraquial Bíceps do braço |
DepressãoPeitoral menor Trapézio inferior (Peitoral maior e grande dorsal atuando sobre o úmero) |
ExtensãoGrande dorsal Redondo maior Tríceps do braço (cabeça longa) Deltóide posterior |
ProtraçãoSerrátil anterior Peitoral maior Peitoral menor |
AbduçãoDeltóide Supra-espinhoso Bíceps do braço (cabeça longa) |
RetraçãoTrapézio Rombóides |
AduçãoPeitoral maior Grande dorsal Redondo maior Tríceps do braço (cabeça longa) Deltóide posterior |
Rotação para cimaTrapézio Serrátil anterior |
Rotação externaInfra-espinhoso Redondo menor Deltóide posterior |
Rotação para baixoElevador da escápula Rombóides |
Rotação internaSubescapular Redondo maior Peitoral maior Grande dorsal Deltóide anterior |
Bibliografia
LEHMKUHL, L.D. & SHITH, L.K. Cinesiologia Clinica de Brunnstrom. Ed Manole, São Paulo: 1987, 4ª ed.
CALAIS, G.B. Anatomia para o movimento. Ed. Manole, São Paulo: 1991 vol 1.
KAPANDJI, I.A. Fisologia Articular, Ed. Manole, São Paulo: 1990 5ª ed, vol 1.