O Complexo do Ombro

08/02/2011 23:28
O Complexo do Ombro 

 

A região do ombro é um complexo de 20 músculos, 3 articulações ósseas ,e 3 superfícies móveis de tecidos moles (articulações funcionais) que permite a maior mobilidade entre todas as regiões encontradas no corpo (aproximadamente 180º de flexão, abdução e rotação e 60º de hipertensão). O complexo do ombro não apenas proporciona uma ampla variação para colocação da mão, mas também executa as importantes funções de estabilização para uso da mão, levantar e empurrar, elevação do corpo, inspiração e expiração forcadas, e até mesmo sustentação de peso como ao andar de muletas ou “plantar bananeira”. A extensa mobilidade é provida pelas seis áreas que se movem:

 

 

1-Articulações ósseas

 

  1. Esternoclavicular
  2. Acromioclavicular
  3. Glenoumeral

 

2-Articulações funcionais

 

  1. Escapulotorácica
  2. Supra-umeral (ou subacromial)
  3. Sulco bicipital

 

A mobilidade, no entanto é às custas da estabilidade estrutural. A única fixação da extremidade no tronco é na articulação esternoclavicular, e a cabeça do úmero pende frouxamente sobre o plano inclinado da fossa glenóide. Assim, o suporte e estabilização do ombro dependem principalmente de músculos e ligamentos.

 

Amplitudes de Movimentação Articular

 

Flexão 0º a 180º (150º a 180º)

 

Extensão 0º

 

Hiperextensão 0º a 45º (40º a 60º)

                                                                                                                               

Abdução 0º a 180º (150ºa 180º)

 

Rotação interna 0º a 90º (70º a 90º)

 

Rotação externa 0º a 90º (80º a 90º)

 

Ossos

 

As partes ósseas que participam em movimentos da extremidade superior em relação ao tronco são:

 

Esterno                 (grego esternon, peito).

Costelas                (latim costa, costela).

Clavícula              (latim clavícula, diminutivo de clavus, chave).

Escapula               (latim scapula, espádua).

Úmero                  (latim umerus, ombro).

 

Palpação
 
Esterno

 

O esterno pode ser palpado anteriormente no tórax desde o processo xifóide na sua extremidade inferior ate o manúbrio esternal na sua extremidade superior.

 

Clavícula

 

A porção esternal da clavícula e proeminente onde ela se articula com o manúbrio esternal (articulação esternoclavicular). A partir desde ponto, a clavícula pode ser acompanhada lateralmente até a sua extremidade acromial. A forma curva deste osso deve ser observada - ele é convexo para frente medialmente e côncavo para frente lateralmente. A extremidade acromial, como a extremidade esternal, é aumentada e pode ser palpada sob a forma de uma protuberância.

Os animais que ficam em pé e correm, como os cavalos e os cães, não possuem clavículas, e as suas escápulas ficam sobre as superfícies laterais do tórax. Os humanos possuem uma clavícula forte, bem desenvolvida, que atua como uma viga lateral para a escápula e o úmero. Isto aumenta a mobilidade glenoumeral para permitir atividades de alcançar e escalar.

 

Escápula

 

Na ponta do ombro, é palpado o largo processo do acrômio, que se estende como uma prateleira sobre a articulação do ombro. Anteriormente, seu bordo livre pode ser sentido, a sua junção com a clavícula (articulação acromioclavicular) fica um pouco protegida, sendo coberta pelo ligamento acromioclavicular; daí a dificuldade para palpa-la com exatidão. Na maioria dos indivíduos, duas saliências ósseas podem ser sentidas nesta região, uma no acrômio, a outra na clavícula. A articulação acromioclavicular é encontrada na área entre estas duas proeminências.

Acompanhando o processo do acrômio posteriormente, a espinha da escapula é palpada; ele é continua com o processo do acrômio. A espinha da escapula pode ser seguida transversalmente cruzando a escápula até o bordo medial (vertebral) da escápula onde ela se achata para formar uma área de forma triangular. A fossa supra-espinhosa da escápula, acima da espinha, e a fossa infra-espinhosa, abaixo da espinha, devem ser identificadas; como ambas estão preenchidas por músculos, as suas profundidades não podem ser apreciadas. Isto se aplica particularmente à fossa supra-espinhosa, que não é acessível à palpação nas suas partes mais profundas. O bordo medial (vertebral) da escápula e o seu bordo lateral (axilar) são facilmente palpáveis se os músculos escapulares estiverem relaxados. O ângulo inferior da escápula é a parte mais inferior da escápula, onde se juntam os bordos medial e lateral. O ângulo superior da escápula é bem coberto por músculos e por essa razão mais difícil de palpar. Anteriormente, abaixo da clavícula, onde começa o arredondamento do ombro, o processo coracóide é palpado.

A cavidade glenóide da escápula, que recebe a cabeça do úmero, não pode ser palpada. Isto também se aplica ao tubérculo supraglenóideo, que serve como fixação proximal para a cabeça longa do bíceps, e para o tubérculo infraglenóideo, onde se fixa a cabeça longa do tríceps.

 

Úmero

 

Se o úmero for rotado internamente enquanto o braço está ao lado do corpo, o tubérculo maior do úmero pode ser palpado imediatamente distal ao processo do acrômio. Uma vez este tubérculo tenha sido identificado, os dedos palpando podem acompanhar sua posição mudando à medida que o ombro é rotado externamente. Em rotação externa completa, este tubérculo não é mais palpável porque ele desaparece embaixo da porção grossa do músculo deltóide. O tubérculo maior possui três facetas, servindo como pontos de fixação para músculos, mas estas facetas não podem ser distinguidas com facilidade pela palpação. O tubérculo menor é melhor palpado quando o ombro esta rotado externamente e pode ser acompanhado durante a rotação interna. A porção proximal do úmero também pode ser abordada pela axila, mas a palpação deve ser feita cuidadosamente por causa dos muitos nervos e vasos nesta área. O nome colo anatômico e aplicado a uma área estreita distal à superfície articular da cabeça umeral. As fraturas nesta região tendem a ocorrer no colo cirúrgico, abaixo dos tubérculos.

Na porção proximal da diáfise do úmero, a crista do tubérculo maior e a crista do tubérculo menor devem ser observadas. Entre as duas cristas fica o sulco tubérculo menor intertubercular (bicipital). Estas estruturas devem ser estudadas em um esqueleto, porque elas são difíceis de palpar através dos músculos. Observar a posição do sulco intertubercular mudando durante a rotação umeral; em rotação externa completa, o sulco fica em linha com o processo do acrômio.

 

Articulações

 

Os ossos do complexo do ombro são unidos em três articulações: a clavícula articula-se com o manúbrio esternal na articulação esternoclavicular; a clavícula e a escápula juntam-se na articulação acromioclavicular; e o úmero articula-se com a escápula na articulação glenoumeral. Durante os movimentos da extremidade superior, a escápula também desliza livremente sobre o tórax (“articulação” escapulotorácica). Nos movimentos de flexão e abdução, a cabeça do úmero desliza embaixo do acrômio (“articulação” supra-umeral), e o tendão da cabeça longa do bíceps do braço desliza no sulco bicipital. Dor ou limitação de movimentos em qualquer destas articulações verdadeiras ou funcionais conduzira a disfunção do ombro.

 

Articulação glenoumeral
 

Embora a articulação glenoumeral seja chamada de bola e soquete, esferóide ou universal e possua três graus de liberdade, a articulação tem pouca estabilidade óssea. A cabeça do úmero de forma hemisférica repousa sobre o pequeno, raso, plano inclinado da cavidade glenóide. Rodeando o bordo da glenóide existe um labro ou lábio cartilaginoso. A cápsula articular frouxa e fina cobre a articulação desde o colo da glenóide até o colo anatômico do úmero. Esta cápsula possui uma área de superfície que é o dobro daquela da cabeça umeral, e, no indivíduo normal, permite a injeção de 10 à 15mL de liquido.

 

O reforço Capsular

 

Ligamentos e tendões proporcionam reforço capsular. O ligamento coracoumeral cruza desde o processo coracóide da escápula até as tuberosidades maior e menor do úmero, onde ele forma um túnel para o tendão da cabeça longa do bíceps do braço. Os ligamentos glenoumerais superior, médio e inferior (chamados de capsulares) originam-se da glenóide no seu labro, formam espessamentos capsulares e fixam-se no colo e tuberosidade menor do úmero. Os ligamentos coracoumeral e glenoumeral superior e médio suportam o braço pendente e limitam a rotação externa nas mais baixas amplitudes de abdução. O ligamento glenoumeral inferior forma uma funda semelhante a uma rede de dormir com faixas anterior e posterior em torno da cabeça do úmero. O’Brien e associados (1990) consideram este ligamento o principal estabilizador do ombro abduzido. Nesta posição, diferentes partes do ligamento apertam para limitar a rotação interna e externa.

Os músculos profundos do ombro fornecem reforço íntimo da cápsula articular pelos seus tendões de fixação. Anteriormente, o tendão da cabeça longa do bíceps do braço origina-se da tuberosidade supraglenóidea e labro da glenóide. O tendão arqueia-se por cima da cabeça do úmero por baixo da cápsula articular para sair e descer no sulco intertubercular do úmero. Enquanto o tendão bicipital está dentro da cápsula articular, o tendão é coberto por uma reflexão da membrana sinovial; portanto, o tendão não está exposto ao líquido sinovial da cavidade articular. A contração forte do músculo bíceps do braço, como quando o cotovelo é flexionado e um peso é sustentado na mão, produz força de depressão sobre a cabeça do úmero (Neer, 1990). As forças que causam esse feito são semelhantes em ação às forças que restringem a tração em uma corda quando se dá uma volta na corda em torno de um poste ou árvore. Essa depressão da cabeça do úmero impede a elevação da cabeça, o que poderia de outro modo causar lesões de colisão nos tecidos supra-umeral forçados entre a cabeça umeral e as estruturas acromiais rígidas.

Posteriormente, a cabeça longa do tríceps do braço possui uma fixação proximal larga no tubérculo infraglenóideo da escápula. Este tendão funde-se e torna-se parte da cápsula posterior

 

O Manguito Rotador

 

Os tendões de quatro músculos escapuloumerais curtos que produzem rotação interna e externa da articulação glenoumeral fundem-se com a cápsula e formam as suas fixações distais nas tuberosidades do úmero. Anteriormente, o subescapular fixa-se por um tendão largo no tubérculo menor do úmero. Este tendão cobre a cabeça do úmero abaixo de 90º de abdução e é considerado por Jobe (1990) como sendo um estabilizador passivo para impedir subluxação anterior do úmero. A parte inferior da cápsula e o subescapular são as principais estruturas que limitam a rotação externa (Ovesen e Nielsen, 1985). Superiormente, o músculo supraespinhoso se fixa no tubérculo maior do úmero, e posteriormente o infraespinhoso e o redondo menor fundem-se com a cápsula para fixar-se mais abaixo na tuberosidade maior. Ovesen e Nielsen (1985) constataram que estes tendões são as principais estruturas que limitam a rotação interna na primeira metade da abdução, as estruturas do manguito rotador podem ser lesadas ao baterem contra os processos do acrômio ou coracóide ou contra o forte ligamento conector coracoacromial. Esta lesão ocorre com atividades que exigem a elevação do braço, como no trabalho acima da cabeça ou atividades esportivas que exigem arremesso.

 

Subescapular

 

 

Rotação medial do braço

Estabilizador da articulação do ombro

2/3 mediais da fossa subescapular

Tubérculo menor do úmero

Crista do tubérculo menor do úmero

Cápsula articular do ombro

Nervo subescapular

                                          

 

   Redondo menor

Esquema

Ação

Origem

Inserção

Inervação

 

Rotação lateral do braço

Ajuda a manter a cabeça do úmero em posição durante a abdução

Terço médio da borda lateral da escápula, acima do redondo maior.

Faceta inferior do tubérculo maior do úmero (abaixo do infra-espinhal)

Cápsula articular do ombro

Nervo axilar (C5 e C6)

 

 

 

Infra-espinhal

 

Esquema

Ação

Origem

Inserção

Inervação

 

Rotação lateral do braço

Estabilizar a articulação do ombro

2/3 mediais da fossa infra-espinhal

Superfície inferior da espinha da escápula

Faceta média do tubérculo maior do úmero

Cápsula articular do ombro

Nervo supra-escapular (C5 e C6)

 

 

 

 

Supra-espinhal

 

Esquema

Ação

Origem

Inserção

Inervação

 

Abdução do braço

Estabilizar a juntura do ombro

Fossa supra-espinhal (¾ mediais)

Superfície superior da espinha

Faceta proximal do tubérculo maior do úmero

Cápsula do ombro

Nervo supra-escapular

 

Eixos de Movimentação e Movimentos Permitidos

 

As amplitudes de movimento seguintes podem ser atribuídas à articulação glenoumeral somente quando a escápula é estabilizada para impedir movimento nas articulações esternoclavicular, acromioclavicular ou escapulotorácica. A flexão tem lugar no plano sagital em torno de um eixo transversal através da cabeça do úmero. Aproximadamente 90º de flexão são permitidos. Os ligamentos glenoumerais inferiores ficam esticados e limitam movimento adicional (Morrey e Na, 1990). A extensão é o inverso da flexão. Quando o braço passa para trás do corpo, o movimento é chamado hiperextensão. A amplitude de hiperextensão é 40º a 60º e é limitada pelos ligamentos glenoumerais superior e médio. A abdução ocorre no plano frontal em torno de um eixo horizontal dirigido dorsoventralmente. A quantidade de abdução que é permitida depende da rotação na articulação glenoumeral. Quando a articulação está em rotação interna completa, a abdução ativa é limitada a aproximadamente 60º, porque o tubérculo maior colide com o processo do acrômio e o ligamento acromioclavicular. Com 90º de rotação externa, o tubérculo maior vai para trás e embaixo do acrômio e a abdução ativa aumenta para aproximadamente 90º, quando então é limitada pela insuficiência ativa do músculo deltóide. A abdução pode ser continuada passivamente até 120º, quando então ela é limitada pelo ligamento glenoumeral inferior. Em abdução completa do ombro, Murray (1985) mediu uma media de 124º de movimentação glenoumeral.

A rotação tem lugar no plano horizontal em torno de um eixo longitudinal através da cabeça e diáfise do úmero. A rotação na articulação glenoumeral é isolada da supinação e pronação do antebraço pela flexão do cotovelo a 90º. Se o braço estiver ao lado do corpo, a rotação externa (lateral) faz o epicôndilo medial do úmero mover-se anteriormente, e a rotação interna (medial) faz o côndilo mover-se posteriormente. A quantidade de rotação muda com a elevação do braço. Aproximadamente 180º de rotação total estão presentes quando o braço está ao lado (Bechtol, 1980), e são reduzidos para cerca de 90º em virtude da torção e retesamento dos ligamentos coracoumerais e glenoumerais quando o braço está completamente elevado. Quando a articulação glenoumeral é colocada na posição goniométrica padrão de 90º de abdução do ombro e 90º de flexão do cotovelo (Norkin e White, 1995), a amplitude normal de movimentos para rotação externa é aproximadamente 90º e para rotação interna aproximadamente 70º. Brown e associados (1988) encontraram 141º de rotação externa em arremessadores de beisebol da liga principal, e Chang, Buschbacher e Edlich (1988) observaram 78º em levantadores de peso.

Dois outros termos são freqüentemente usados para descrever a movimentação da articulação glenoumeral. Eles são abdução horizontal e adução horizontal. Estes movimentos ocorrem a partir de uma posição inicial de 90° de abdução. A abdução horizontal é um movimento posterior a partir desta posição, e a adução horizontal é um movimento anterior cruzando o corpo.

Todas as limitações normais da movimentação na articulação glenoumeral são devidas ao esticamento ligamentar e muscular passivo. Assim, as sensações finais são todas firmes. Mesmo quando a tuberosidade maior do úmero colide com o processo do acrômio, a sensação final é firme por causa dos tecidos moles intervenientes.

 

Movimentos Fisiológicos

do Úmero

Direção do Deslizamento

da Cabeça do Úmero

Flexão

Posterior

Extensão

Anterior

Abdução

Inferior

Adução

Superior

Rotação interna

Posterior

Rotação externa

Anterior

Abdução horizontal

Anterior

Adução horizontal

Posterior

 

Articulação Esternoclavicular

 

 

A articulação esternoclavicular é a única articulação que conecta a extremidade superior diretamente com tórax. A cintura escapular, juntamente com toda a extremidade superior, é suspensa do crânio e da coluna cervical por músculos, ligamentos e fáscia. A posição desta estrutura pendente é determinada parcialmente pela ação da gravidade e parcialmente pela clavícula, que restringe os movimentos da cintura escapular em todas as direções, particularmente em uma direção para frente. Casos de ausência da clavícula foram relatados na literatura medica-estes indivíduos eram capazes de mover os sues ombros tão à frente que as pontas dos ombros quase se encontravam diante do corpo. Com a remoção cirúrgica completa da clavícula, Lewis e associados (1985) observaram amplitudes de movimento do ombro iguais às do lado não afetado. Os torques isocinéticos máximos para extensão do ombro, bem como para rotação interna e externa, também eram os mesmos. Os flexores, abdutores e adutores do ombro no lado afetado, no entanto, tinham uma perda de 50% do torque isocinético.

 

Tipo de Articulação

 

A articulação esternoclavicular é uma articulação selar com três graus de liberdade. A extremidade esternal aumentada da clavícula e a chanfradura articular do esterno são separadas por um disco articular. Os movimentos assim têm lugar tanto entre a clavícula e o disco quanto entre o disco e o esterno.O disco serve como uma dobradiça para o movimento e para amortecimento de choques das forcas aplicadas através do braço. Embora as articulações ósseas pareçam pequenas, as fixações ligamentares são fortes, e a clavícula usualmente fratura antes que a articulação luxe. As clavículas são conectadas uma à outra pelos ligamentos interclaviculares, ao esterno pelos ligamentos esternoclaviculares anteriores e posteriores, e às primeiras costelas pelos ligamentos costoclaviculares. Estes ligamentos suportam o peso das extremidades superiores, limitam os movimentos claviculares e previnem a luxação da articulação. A cápsula articular e os ligamentos são ainda mais reforçados pelas fixações tendinosas proximais dos músculos esternocleiodomastóideos.

 

Articulação Acromioclavicular

 

 

 

A articulação acromioclavicular é uma articulação artrodial simples envolvendo a margem medial do acrômio e a extremidade acromial da clavícula. Esta articulação liga a escápula e a clavícula em movimentos semelhantes e ao mesmo tempo acomoda movimentos individuais dos ossos. A articulação possui três eixos e três graus de liberdade, e os movimentos são refletidos nos movimentos escapulares de elevação, abdução e rotação. Durante a elevação completa do braço, a articulação acromioclavicular contribui com 20º de rotação para cima, no entanto mediram um máximo de 8º de movimentos acromioclavicular e afirmaram que nenhuma perda de rotação escapular foi evidente com a fixação da articulação acromioclavicular. Pequenos movimentos anteriores e posteriores do acrômio (abdução e adução escapulares) mantêm a fossa glenóide alinhada com cabeça umeral durante os movimentos de flexão ou abdução do ombro. Estes movimentos são permitidos e limitados por dois fortes pares de ligamentos: o ligamento anterior e posterior da articulação e os ligamentos coracoclaviculares localizados mais proximalmente, o conóide e o trapezóide (limita movimento superior excessivo da clavícula e limita rotação da escápula). Ligamento acromioclavicular – quadrilátero estende-se entre as faces superior da extremidade acromial da clavícula e o acrômio adjacente.

O efeito combinado dos movimentos acromioclaviculares e esternoclaviculares é permitir o movimento escapular de tal modo que a fossa glenóide possa olhar para frente, para cima ou para baixo, conforme a necessidade, enquanto a superfície costal permanece junto do tórax. A soma das amplitudes de movimento nas articulações esternoclavicular e acromioclavicular é igual à amplitude de movimento da escápula.

 

Articulação Escapulotorácica

 

O músculo denteado anterior fixa-se no bordo medial da escápula e passa embaixo da escápula para fixar-se no bordo ântero-lateral das nove primeiras costelas. Uma grande quantidade de movimentos ocorre entre a fáscia do músculo e a fáscia do tórax. Como não existem articulações ósseas, as superfícies que se movem são chamadas articulações falsas ou funcionais. Função normal da articulação escapulotorácica é essencial para a mobilidade e estabilidade da extremidade superior. A movimentação da articulação escapulotorácica fornece uma base móvel para o úmero e desse modo aumenta a amplitude de movimento do braço, mantém relações favoráveis de comprimento-tensão para o músculo deltóide funcionar acima de 90º de elevação do braço, fornece estabilidade glenoumeral para trabalho na posição acima da cabeça ou para a posição vertical apoiada sobre as mãos (“plantando bananeira”), fornece função de amortecedor para forcas aplicadas no braço esticado, e permite a elevação do corpo na marcha com muletas ou elevações sentadas para transferências por pessoas com paraplegia.

Ligamentos da escápula

Ligamento córaco-acromial – entre o processo coracóide e o acrômio, insere-se no acrômio e em toda borda lateral do processo coracóide.

Ligamento transverso superior da escápula – transforma a incisura da escápula em um forame. Inserido na base do processo coracóide e no lado medial da incisura da escápula.

 

Definições dos Movimentos da Cintura Escapular

 

Termos especiais usados para descrever os movimentos da escapula (articulação escapulotorácica) e também da clavícula (articulação esternoclavicular).

 

Elevação - A extremidade distal da clavícula e o processo do acrômio da escápula (articulação acromioclavicular) movem-se superiormente (no sentido da orelha) aproximadamente 60º (Kapandji, 1982).

 

Depressão - Movimento da área acromioclavicular inferiormente. A partir de uma posição de repouso, apenas 5 a 10º de depressão podem ser alcançadas. A importância do movimento, no entanto, está na estabilização da escápula e elevação do corpo como na marcha com muletas ou em transferências de cadeira de rodas de pacientes com paraplegia. A partir de uma elevação máxima, o movimento de depressão do ombro é capaz de elevar o tronco 10 a 15 cm.

 

Protração - A extremidade distal da clavícula e a escápula movem-se anteriormente em torno da caixa torácica, com os bordos mediais da escápula movendo-se para longe de linha mediana 13 a 15 cm. Este movimento também é designado abdução da escápula.

 

Retração - A extremidade distal da clavícula e a escápula movem-se posteriormente, e os bordos medias da escápula aproximam-se da linha mediana. Este movimento também é chamado adução da escápula. Na articulação esternoclavicular, a amplitude total para protração e retração é aproximadamente 25º (Kapandji, 1982).

 

Rotação para cima - É um movimento de escápula no qual a fossa glenóide olha superiormente e o ângulo inferior da escápula desliza lateral e anteriormente sobre o tórax. Amplitude máxima de rotação para cima é vista com flexão completa do ombro.

 

Rotação para baixo - É um movimento da fossa glenóide para olhar inferiormente. Amplitude completa de rotação para baixo ocorre quando a mão é colocada na região lombar. A amplitude total de rotação para cima e para baixo é aproximadamente 60º.

 

 
Articulação Supra-umeral ou Subacromial

 

 Os movimentos da articulação glenoumeral exigem grandes movimentos entre a cabeça do úmero e o arco formado pelo colo da escápula, o processo do acrômio, o ligamento coracoacromial rígida e o processo coracóide. Esta área foi também denominado desfiladeiro do supra-espinhoso por Neer e Poppen (1987). A importância clinica desta área é a propensão à compressão e lesão dos tecidos moles que residem entre as estruturas rígidas: os tendões do manguito rotador (especialmente o supra-espinhoso), o tendão da cabeça longa do bíceps do braço, a cápsula, os ligamentos capsulares e as bolsas subdeltóidea e subacromial. As lesões de colisão do ombro ocorrem porque a linha de tração do músculo deltóide para elevação do braço é diretamente superior e faz com que o úmero se mova verticalmente e colida com o acrômio. Normalmente, este movimento vertical é impedido pela depressão da cabeça do úmero pelos tendões do supra-espinhoso e a cabeça longa do bíceps do braço.Infelizmente, não há espaço para erro no desfiladeiro do supra-espinhoso, e as lesões de colisão ocorrem com fraqueza muscular, fadiga ou forcas incontroláveis. Microtraumatismos e lesões por esforços repetitivos são comuns, por exemplo, causando 50 a 60% de todos os problemas em nadadores competitivos (Reid, Saboe e Burham, 1987). As pessoas com poliomielite e paraplegia que estiveram andando de muletas, impelindo cadeira de rodas manual ou efetuando elevações sentadas para transferir o corpo têm uma incidência extraordinariamente alta de dor no ombro e rupturas de manguito rotador (Bayley, Cochran, e Sledge, 1987; Smith, 1990). Neer (1990) considera que a causa mais freqüente de lesões é estreitamento do desfiladeiro do supra-espinhoso, que pode ser congênito ou causado por inflamação, retração cicatricial ou desenvolvimento de esporões ósseos. O atrito (desgaste) das estruturas capsulares tem uma alta incidência em dissecções de cadáveres e foi documentado com o envelhecimento por Brewer (1979) e Ferrari (1990)

 

· Bursa subdeltoidiana e subacromial: separam o tendão do m. Supra-espinal e a cabeça do úmero do acrômio, processo coracóide, lig. Córaco-acromial e m. deltóide.

 

· ESTABILIDADE = Ligamento córaco-acromial + Tendões do “manguito rotador”.

 

Sulco Bicipital

 

O tendão da cabeça do bíceps do braço fixa-se no tubérculo supraglenóideo da escápula e arquei-se por cima da cabeça do úmero para descer no sulco intertubercular do úmero. O tendão é retido no sulco pelo ligamento coracoumeral e pelo ligamento umeral transverso, que cobre o sulco desde a tuberosidade menor à maior. Durante os movimentos do ombro, a cabeça do úmero desliza sobre a superfície inferior do tendão. Um ponto fixo no sulco move-se ao longo de 3,75 cm do tendão com a elevação completa do braço (Burkhead, 1990). Quando a articulação glenoumeral está em rotação externa completa, as fixações proximal e distal do tendão estão em linha, mas em todas as outras posições de rotação o tendão bicipital está dobrado em torno da parede medial do sulco (Perry, 1988). Assim, o tendão bicipital esta sujeito a desgaste e lesão com o tempo as lesões de colisão de encontro ao arco coracoacromial.

 

Ritmo Escapuloumeral

 

Normalmente, a elevação do ombro ocorre em uma série precisamente coordenada de movimentos sincronizados denominada ritmo escapuloumeral. O trabalho clássico por Inman e associados (1944) demonstrou que ambos os segmentos escapular e umeral participam através de toda a movimentação. A fase inicial de abdução foi individualmente variável, mas depois de 30º de abdução, ocorreu uma razão de 2:1- para cada 15º de movimento entre 30 e 170º de abdução, 10º ocorreram na articulação glenoumeral e 5º ocorreram na articulação escapulotorácica. Outras investigações observaram que os movimentos não são tão lineares quanto implica a razão de 2:1, e que há variação nos padrões.

O padrão mais comum, encontrado por Bagg e Forrest (1988), mostrou maior movimentação glenoumeral ao começo e termino da amplitude e mais movimentação escapular entre 80 e 140º de abdução. A razão media do movimento articular glenoumeral o escapulotorácica foi 1,25: 1, o que é o mesmo que obtido por Poppen e Walker (1976). Ambos estes pesquisadores usaram o plano da escápula para o movimento de abdução, enquanto Inman usou o plano frontal.

Os movimentos que ocorrem na articulação escapulotorácica na elevação do braço são elevação, abdução e rotação para cima, com o ângulo inferior da escápula movendo-se para o lado lateral do tórax e a fossa glenóide dirigida para cima. O eixo de rotação da escápula migra da raiz medial da raiz medial da espinha da escápula para a região da articulação acromioclavicular durante o movimento (Bagg, 1988). Este grande movimento do eixo causa alterações acentuadas nos braços de força do trapézio e denteado anterior.

 

ABDUÇÃO

 

1) 0 – 90° - Art. gleno-umeral. Participação do m. deltóide e m. supraespinal.

Eleva (EC) e roda clavícula (AC) também. Limitado pelo apoio do tubérculo maior na fossa glenóide (90° com rotação lateral, senão 60°).

 

2) 90-150° – Cintura escapular + gleno-umeral. Rotação lateral de escápula 60° + elevação na art. esternoclavicular e rotação na art. acromioclavicular. Participação do m. serrátil anterior e m. trapézio. Limitado pela resistência do m. grande dorsal e m. peitoral maior.

 

3) 150-180° – Escápulo-torácico + Coluna vertebral. Inclinação lateral ou hiperlordose lombar.

 

FLEXÃO

A escápula já começa abduzida

 

1) 0-60°– Art. gleno-umeral. Participação do m. deltóide anterior, m. coracobraquial, m. peitoral maior. Limitado pela tensão lig. Coracoumeral e resistência do m. redondo maior e menor e m. infra-espinal.

 

2) 60-120° – Cintura escapular. Rotação lateral de escápula 60° + elevação na art. esternoclavicular e rotação na art. acromioclavicular. Participação do m. serrátil anterior e m. trapézio.

Limitado pela resistência do m. grande dorsal e m. peitoral maior

 

3) 120-180° - Escápulo-torácico + Coluna vertebral. Inclinação lateral ou hiperlordose lombar.

 
Movimentos da Clavicula

 

· 3 graus de liberdade: movimentos na extremidade distal da clavícula (terminação lateral).

 

· elevação (45°) e depressão (15°) associados à elevação + rotação lateral da escápula ou depressão da escápula

 

· protração (15°) e retração (15°) associados à protração (abdução) ou retração (adução) da escápula

 

· rotação longitudinal posterior: a sua face inferior volta-se anteriormente (30-45°) associada à rotação da escápula

 

Ocorre quando o ombro foi abduzido ou fletido a 90°

 

Elevação do Braço

 

A amplitude normal de flexão ou abdução do ombro é convencionalmente relatada como 180º, mas quando cuidadosamente medida para eliminar movimentos do tronco, o ângulo médio é próximo 170º (Freedmam e Munro, 1966; Doody et al, 1970; Boone e Azen, 1979). Esta é uma medida de um ângulo entre o braço e o tronco. O movimento ocorre em ambas as articulações glenoumeral e escapulotorácica, com os movimentos escapulares acompanhados por movimentos nas articulações esternoclavicular e acromioclavicular. Noventa a 110º de movimento ocorrem na articulação glenoumeral, e adicionais 60 a 70º ocorrem nas articulações esternoclavicular e acromioclavicular. O resto do movimento necessário para alcançar 180º ocorre no tronco com flexão lateral parta abdução do ombro ou com extensão do tronco para flexão do ombro. A realização da amplitude glenoumeral exige rotação externa do ombro em abdução e rotação interna para flexão (Blakely e Palmer, 1984).

O tratamento clínico de problemas do ombro exige uma avaliação cuidadosa de todos os movimentos permitidos em cada uma das três sinoviais e as três superfícies que se movem, a fim de determinar se e quando ocorre limitação de movimentos ou dor.

Músculos

Escapulotorácica

Glenoumeral

 

Elevação

Trapézio superior

Elevador da escápula

Rombóides

 

Flexão

Peitoral maior (cabeça clavicular)

Deltóide anterior

Coracobraquial

Bíceps do braço

 

Depressão

Peitoral menor

Trapézio inferior

(Peitoral maior e grande dorsal atuando sobre o úmero)

 

Extensão

Grande dorsal

                 Redondo maior

Tríceps do braço (cabeça longa)

Deltóide posterior

 

Protração

Serrátil anterior

Peitoral maior

Peitoral menor

 

Abdução

Deltóide

Supra-espinhoso

Bíceps do braço (cabeça longa)

 

Retração

Trapézio

Rombóides

 

Adução

Peitoral maior

Grande dorsal

Redondo maior

Tríceps do braço (cabeça longa)

Deltóide posterior

 

Rotação para cima

Trapézio

Serrátil anterior

 

Rotação externa

Infra-espinhoso

Redondo menor

Deltóide posterior

 

Rotação para baixo

Elevador da escápula

Rombóides

 

Rotação interna

Subescapular

Redondo maior

Peitoral maior

Grande dorsal

Deltóide anterior

 

 

 

Bibliografia

 

 

LEHMKUHL, L.D. & SHITH, L.K. Cinesiologia Clinica de Brunnstrom. Ed Manole, São Paulo: 1987, 4ª ed.

 

CALAIS, G.B. Anatomia para o movimento. Ed. Manole, São Paulo: 1991 vol 1.

 

KAPANDJI, I.A. Fisologia Articular, Ed. Manole, São Paulo: 1990 5ª ed, vol 1.